Automação se consolida na indústria: qual o impacto?

Automação se consolida na indústria: qual o impacto?

Em expansão no mercado, a automação pode aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto final e reduzir os custos. Segundo o Índice de Automação de 2023, lançado pela GS1 em junho deste ano, a taxa de automação na indústria subiu cerca de 14% entre 2021 e 2022. 

Para Ricardo Janes, doutor em Engenharia de Controle e Automação pela USP e professor na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), “hoje pode-se afirmar que a automação já está presente em todas as fases de produção”. Em crescimento contínuo, a automação já molda algumas características da indústria. Para Danilo Deus Dará, especialista em tecnologia e inovação, esse processo permite uma “concorrência de igual para igual”, promovendo uma competitividade dentro do mercado.

Automação em todos os processos

No início dos processos de automação na indústria, boa parte agiu de maneira setorial a depender dos recursos financeiros e das especificidades de cada ramo. Gradativamente, essa falta de integração entre setores da mesma empresa gera ruídos na produção. Janes é claro ao dizer que hoje não se pensa mais em automação como uma máquina específica e isolada, “mas sim na integração de todos os setores”.

Na mesma linha, Danilo também acredita na integração como um “imperativo” para as indústrias que pretendem continuar competitivas. É necessário que, desde a compra do produto até saída da fábrica, todas as fases se comuniquem. Caso contrário, “a cadeia produtiva não opera em seu potencial máximo”, como aponta Danilo. 

Parte fundamental da Indústria 4.0, a Internet das Coisas (IoT, Internet of Things) e o 5G são alguns dos meios para promover a integração entre todos os processos dentro da indústria. O desenvolvimento e uso das tecnologias citadas podem acelerar a coleta de dados e, consequentemente, produzir análises mais eficientes, evitando paradas inesperadas na linha de produção. 

A inteligência artificial (IA) na manutenção

Produção e mão de obra otimizada

Com a capacidade de repetibilidade e precisão das máquinas automatizadas, os produtos passam a ser feitos não só com mais agilidade mas também com maior qualidade.

Além desses fatores, as máquinas também minimizam os custos, aumentam a eficiência e produtividade da companhia. Fatores que corroboram para diferencial competitivo atualmente no mercado. 

Deste modo, uma discussão inevitável ao avanço da automação é a possível substituição do homem pela máquina. Entretanto, ao invés da troca, especialistas enxergam uma mudança nos profissionais do mercado, já que a adoção de tecnologia complementa os métodos tradicionais. 

André Domingos, engenheiro e especialista em vendas em uma multinacional, aponta que o fator humano é essencial:  "O quanto você precisa para instalar um equipamento, manter ele funcionando corretamente, fazer a calibração, ajustes, manutenção, implementar melhorias. Então tudo isso requer pessoas trabalhando, pensando em novas soluções ou seja, na realidade os empregos e o trabalho eles modificam".  

Os benefícios trazidos pelas máquinas diminuem a procura por pessoas para realizar atividades mecânicas e repetitivas. Porém, “isso não significa que a mão de obra seja desnecessária neste processo, apenas precisa ser mais qualificada”, pontua Janes. Para o doutor, além do conhecimento técnico e da atualização constante, os profissionais devem se atentar às soft skills, habilidades comportamentais.

Avanços Tecnológicos na Manutenção: A Chegada da AI-Assisted Maintenance

Automação em projeção

Dentro do futuro da automação, os especialistas consultados pela matéria apontam em comum o uso mais incisivo da inteligência artificial. Janes aponta uma realidade palpável em que fábricas não necessitem de operação humana direta, operando de forma autônoma.

Em consonância, Danilo prevê uma indústria cada vez mais conectada ao mundo tecnológico. Pensando no Machine Learning, ele acredita em uma integração mais próxima e ágil entre máquina e humano. O especialista também pontua a importância de se pensar em um futuro de interconexão global e comprometido com a sustentabilidade. “As possibilidades são tão emocionantes quanto desafiadoras”, conclui.

Escrito por: Thiago Hideki Baba

Redação

Editores & Revisores

Especializações

Jornalismo

Redes sociais

A Redação da Revista Manutenção é composta por profissionais que atuam direta e indiretamente com manutenção no setor secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços) da economia, dispostos à difundir informações, artigos, opiniões, debates e eventos, para estudantes e profissionais que atuam com engenharia de manutenção e/ou confiabilidade, assim como na gestão de ativos, recursos, serviços e riscos.

A linha editorial da Revista Manutenção está plenamente alinhada com o código de ética e conduta de entidades, instituições e conselhos de classe como CONFEA, CREA e FNE, no sentido de fomentar o desenvolvimento social e econômico nacional, por meio do progresso ciêntício e tecnológico sustentável, com o objetivo de garantir o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação e humanidade; nas suas raízes históricas, assim como nas gerações atuais e futuras.

Explorar o potencial da internet para tornar-se referência como acervo científico e tecnológico, através da publicação de conhecimento, sob licença de uso que o permita ser difundido entre estudantes e profissionais que atuam direta ou indiretamente com manutenção, cujos interesses sejam convergentes e alinhados com a missão, visão e valores descritos aqui.

O desenvolvimento social e humano é determinante para o desenvolvimento econômico do país e das empresas, portanto defendemos que o Estado, assim como a iniciativa privada, devem priorizar investimentos para a educação e capacitação profissional, assim como adotar e promover políticas e valores que promovam o estado de bem estar e justiça social, considerando o princípio da igualdade de oportunidades com isonomia e equidade.

O meio ambiente é patrimônio da humanidade, e não deve em hipótese alguma ser submetido aos interesses corporativos e/ou especulativos de mercado, portanto protegê-lo e preservá-lo através da legislação ambiental e demais recursos ciêntíficos e tecnológicos é um dever ético imutável e comum a todas pessoas, profissionais, empresas, governos e países.

O progresso social, político, econômico, científico e tecnológico nacional, depende da adoção de uma política econômica desenvolvimentista, não ortodoxa, que reverta e supere as crises econômicas resultantes do modelo fracassado que popularizou-se nos países sub-desenvolvidos em meados da década de noventa.

A meritocracia é uma distopia que catalisa a corrupção e subverte as regras instituídas em nome do bem-estar coletivo, tornando-as flexíveis e barganhaveis diante de interesses escusos, portanto ela deve ser superada.

A transparência é sinônimo de lisura, portanto informações e opiniões devem ser devidamente separadas e identificadas, para evitar que o público seja submetido ao engodo da persuasão e da fabricação de consenso.

Todo conhecimento adquirido, seja ela discursivo ou intuitivo, deve ser multiplicado, compartilhado e utilizado para garantir que os valores expressos acima, sejam consolidados de modo empírico.