O surgimento da famigerada Indústria 4.0 ocorreu oficialmente após a consolidação da Internet das Coisas

O surgimento da famigerada Indústria 4.0 ocorreu oficialmente após a consolidação da Internet das Coisas

No artigo anterior, que leva o título de A Indústria 4.0 é o saldo da convergência de duas revoluções simultâneas, ao descrever sucintamente o surgimento da Internet e da Internet das Coisas, considerei os fatos mais importantes, ou seja, os marcos que deram origem a Revolução da Informação e a Quarta Revolução Industrial, que em suma, são duas revoluções simultâneas que mudaram, e ainda estão mudando o mundo como o conheciamos, e consequentemente a indústria, que foi se adaptando naturalmente ao famigerado processo de globalização.

 Contexto histórico 

Enquanto estudantes de Engenharia da Computação conectavam Coke Machines à Internet, mundo a fora, a Rede Mundial de Computadores, enquanto facilitadora da Comunicação, juntamente com avanços significativos em logística e transporte, catalisaram o processo de Globalização, em meados da década de oitenta (1980s), o que impulsionou o surgimento de uma nova Indústria, pós automação e robótica.

 Transição para uma nova indústria 

Foi assim, praticamente de maneira informal que surgiu uma nova indústria, globalizada e descentralizada, que fez ressurgir o processo conhecido como Revolução Industrial, contudo, sabia-se que a humanidade estava testemunhando um processo de transição, mas não se conhecia, como seria literalmente essa nova indústria, muito se especulava, sobre o futuro, mas nada aconteceu oficialmente durante a década de noventa (1990s), que foi na realidade a década da transição.

Transição que fez com que a Internet das Coisas, migrasse do ambiente acadêmico, deixando de ser objeto de estudo apenas dos estudantes e entusiastas de plataformas de prototipagem, para se tornar tecnologia aplicável em contexto industrial, através da Engenharia.

 O Surgimento informal da Indústria 4.0 

Foi em meados dos anos dois mil (2000s) que a Internet das Coisas, chegou efetivamente à indústria, o que começou a gerar muita especulação sobre a recém nascida nova indústria, mas foi apenas em 2006 que a Alemanha, com incentivos governamentais, catalisou iniciativas de pesquisas sobre tecnologia e inovação, dentre as quais destacou-se a ACATECH que é uma organização governamental sem fins lucrativos.

 O Surgimento formal da Indústria 4.0 

Enfim, apesar da alcunha Indústria 4.0 ter surgido em meados de 2006, através do grupo de pesquisas da ACATECH, a iniciativa tornou-se popular somente a partir de 2011, e faz parte de um esforço do governo Alemão para manter o país competitivo, senão na vanguarda industrial.

Em meados de 2011 a nova indústria passou então a ser conhecida e difundida como Indústria 4.0 e a partir de então, diversos países seguiram o mesmo caminho da Alemanha, no sentido de criar e incentivar instituições catalisadoras das tecnologias emergentes que fazem parte desse novo ecossistema industrial.

 Uma nova corrida por competitividade 

Tal ecossistema evoluiu exponencialmente desde então, e hoje, praticamente uma década depois da alcunha lançada pela ACATECH, a Indústria 4.0 é uma realidade que se impõe de forma gradativa, o que fez surgir uma nova corrida por competitividade no mercado, obrigando o setor produtivo se adaptar a esse novo contexto, complexo e composto pelas tecnologias oriundas de ambas as revoluções citadas no artigo anterior.

 A Índústria dependente da conectividade 

Diante deste contexto a indústria global, tornou-se dependente de conectividade, cada vez mais as "coisas", digo ativos, máquinas, equipamentos e veículos passaram a se conectar em rede, e o ecossistema industrial, passou a seguir essa tendência, conectando tudo o que foi possível, de maneira que a fusão entre ambas as revoluções, a Quarta industrial e a da Informação, tornou-se inevitável, num processo que ficou conhecido no Vale do Silicio como IoTification e que bifurcou em duas vertentes.

 As vertentes da Internet das Coisas 

Todo mundo conhece o termo IoT (internet of Things) que traduzido ao pé da letra, significa, Internet das Coisas, contudo, a velocidade das mudanças tem ocorrido de maneira absurdamente rápida, fazendo com que a maioria das pessoas não consigam acompanhar em tempo real as convenções determinadas pelas comunidades científicas, acadêmicas e pelas instituições envolvidas nesse processo, para adaptar o contexto ao surgimento de tantas tecnologias e inovações simultâneas.

Como forma de segregar a Internet das Coisas e diferenciar, dispositivos, tecnologias, hardware e software, que variam significativamente nos contextos residencial, predial, comercial e indústrial, o grupo de estudos da ACATECH convencionou segmentá-la em IIoT, que é a alcunha que classifica a Industrial Internet of Things, ou seja a Internet das Coisas Industriais.

 A melhor definição de IoT 

IoT é a definição da rede de dispositivos conectados na nuvem, que se comunicam entre sí, e que através do aprendizado de máquinas (Machine Learning) e Inteligência Artificial (Artificial Intelligence) auxiliam as pessoas na tomada de decisões, através do acúmulo (Data Warehouse), mineração (Data Mining), análise (Data Analitycs) e manipulação (Data Science) de dados de ambientes residenciais, prediais e comerciais.

 A melhor definição de IIoT 

Sendo que a IIoT possui praticamente a mesma definição de IoT, contudo o que muda é o contexto, pois no lugar de dispositivos como eletrodomésticos, smartphones e câmeras de segurança, o que se tem, são sensores, módulos e shields, que conectam ativos, máquinas, equipamentos e veículos em rede, para que eles possam serem monitorados remotamente, com o objetivo de otimizar processos industriais, reduzir custos, assim como, mitigar riscos financeiros e de segurança.

 O papel da IIoT na Indústria 4.0 

Sem a IIoT não haveria Indústria 4.0, afinal a conectividade foi fundamental para o seu surgimento, portanto, o papel da IIoT na Indústria 4.0 é resumidamente conectar e permitir a comunicação em rede entre ativos, máquinas, equipamentos e veículos, através de softwares e bancos de dados.

 As Tendências da Indústria 4.0 

Com a Indústria conectada, o volume de dados coletados e armazenados, aumentou baruptamente, e é exatamente neste ponto da história, que a Revolução Indústrial se funde com a Revolução da Informação, para dar origem efetivamente a Indústria 4.0, uma vez que acumular, minerar, analisar e manipular dados são atividades que envolvem os profissionais de uma área conhecida como Data Science, ou Engenharia de Dados, o que será pormenorizado no próximo artigo.

Fauzi Mendonça

Engenheiro em Eletrônica

Especializações

Manutenção e Confiabilidade

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Fundador, Diretor Editorial e Colunista da Revista Manutenção, escreve regularmente sobre diversos assuntos relacionados ao cotidiano da Engenharia, Confiabilidade, Gestão de Ativos e Manutenção.

Desenvolvedor Web e Webdesigner, é responsável pelo design, layout, diagramação, identidade visual e logomarca da Revista Manutenção.

Profissional graduado em Engenharia Eletrônica com ênfase em automação e controle industrial, pós graduado em Engenharia de Manutenção, pela Faculdade Anhanguera de Tecnologia (FAT) de São Bernardo e em Engenharia de Confiabilidade, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Profissional atua há mais de vinte (20) anos com Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, onde edificou carreira profissional como Técnico, Programador, Planejador, Analista e Coordenador de PCM.