Entenda o impacto do clima na produção de etanol na safra 23/24

Entenda o impacto do clima na produção de etanol na safra 23/24

A produção de etanol da safra 23/24 foi impactada por diferentes consequências das mudanças climáticas. Alta variação de temperatura, chuvas intensas e secas inesperadas estão entre eventos que alteram a produtividade. Desde o início da safra atual até metade de novembro deste ano, a fabricação de etanol soma 28,62 bilhões de litros. O valor apresenta um crescimento de quase 11% em relação ao ciclo anterior. 

A cana-de-açúcar se manteve como a principal matéria-prima. Entretanto, a produção a partir do milho teve um aumento significativo. Foram 3,79 bilhões de litros produzidos, quantidade 42,80% superior ao mesmo período da safra anterior.

Mudanças nas regiões produtoras de etanol

Marta Carneiro, professora de MBAs em ESG e mudanças climáticas da FGV, explica que a produção de cana-de-açúcar tende a ser favorecida em regiões de clima tropical. Ou seja, ambientes com altas temperaturas, boa luminosidade e boa disponibilidade de água. Assim, a especialista cita que o Centro-Sul costuma ser mais favorável.

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A região, entretanto, passou por eventos atípicos e extremos que mudaram o cenário na safra 23/24. A mudança das temperaturas, da quantidade de chuvas e a presença de secas no Centro-Sul deu margem para maior participação de outro estado na produção de etanol a partir da cana: “A pouca chuva no período da colheita de cana-de-açúcar resultou em um rápido crescimento dessas atividades industriais em São Paulo”.

O etanol produzido a partir do milho teve clima mais favorável na região Centro-Oeste. Carneiro relembra que, em comparação com o mesmo período da safra anterior, a região passou por secas mais extremas. Neste ano, porém, a maior pluviosidade favoreceu mais o crescimento da produção de etanol a base de milho no Centro-Oeste.

As consequências do El Niño

Carneiro cita, ainda, os efeitos do fenômeno El Niño. Para ela, apesar de ser um efeito climático natural, é indispensável relacionar suas consequências com as mudanças climáticas provocadas pela sociedade: “É um efeito de potencialização do impacto ambiental que geramos ao longo do tempo”. Ela ressalta que o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) apontou que a Terra está 1,2 °C mais quente do que em níveis pré-industriais. 

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Segundo a especialista, o El Niño pode impactar a produção de etanol a depender da sua duração e intensidade. Carneiro apresenta a possibilidade de que o atual El Niño dure até março e abril de 2024. As consequências disso podem “resultar em condições mais secas em algumas regiões, afetando a produção de cana-de-açúcar. Por outro lado, em outras situações, pode trazer chuvas excessivas que também afeta a produção”, analisa a professora.

Cenário do mercado de etanol

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) calcula que no acumulado da safra 23/24, a comercialização de etanol soma 19,48 bilhões de litros, representando um aumento de 4,75% em comparação com o ciclo passado. 

Luciano Rodrigues, diretor da instituição, afirma que a safra será positiva. A moagem de cana-de-açúcar, por exemplo, chegou a 595 milhões de toneladas no Centro-Sul. A receita gerada ficará um pouco acima da média, apesar disso, Rodrigues ressalta “a diferença grande na remuneração dos produtos”.

O diretor aponta que o preço do etanol neste período é inferior ao valor que se observou no ano passado. “Temos enxergado como ponto negativo e de preocupação a disparidade de preço”, relata Rodrigues, que também pontua a preocupação de empresas que produzem somente etanol. Para ele, a solução é lógica: “Aumentamos a produção de combustível, precisamos aumentar a demanda”. 

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Para a organização, a expectativa para equilibrar este balanço é favorável. Apesar do valor mais baixo, as vendas de etanol continuam acima do ano passado e a expectativa é que esse volume possa ser ampliado nos próximos meses. “O preço está convidativo na bomba. Temos 17 estados da federação em que o etanol é competitivo do ponto de vista financeiro com a gasolina”, avalia Rodrigues.

Escrito por Thiago Hideki Baba

Fauzi Mendonça

Engenheiro em Eletrônica

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Fundador, Diretor Editorial e Colunista da Revista Manutenção, escreve regularmente sobre diversos assuntos relacionados ao cotidiano da Engenharia, Confiabilidade, Gestão de Ativos e Manutenção.

Desenvolvedor Web e Webdesigner, é responsável pelo design, layout, diagramação, identidade visual e logomarca da Revista Manutenção.

Profissional graduado em Engenharia Eletrônica com ênfase em automação e controle industrial, pós graduado em Engenharia de Manutenção, pela Faculdade Anhanguera de Tecnologia (FAT) de São Bernardo e em Engenharia de Confiabilidade, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Profissional atua há mais de vinte (20) anos com Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, onde edificou carreira profissional como Técnico, Programador, Planejador, Analista e Coordenador de PCM.