Saldo de contratações do comércio superou o da indústria em junho de 2022

Saldo de contratações do comércio superou o da indústria em junho de 2022

Preclaros(as), ao analisar os dados do CAGED, constatei que a manutenção no Brasil, registrou um saldo de 5.026 contratações em junho de 2022, mas foi ao comparar a indústria com outros segmentos, que me assustei, pois, percebi que o comércio gerou um saldo maior de contratações.

Dados obtidos através do Novo CAGED
(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) em 21/08/2021

Apesar do saldo total de contratações de todos os setores e segmentos da economia, ter sido positivo, registrando 277.994 empregos, a indústria representou, para o trabalhador, menor empregabilidade do que o comércio, no mês de junho, o que me levou a confirmar o diagnóstico de que o Brasil sofre realmente de uma patologia conhecida popularmente como desindustrialização, ou seja, o país possui uma doença crônica e degenerativa, cujo nome científico, determinado pelos economistas, é doença holandesa.

Esse diagnóstico requer atenção, planejamento, e principalmente, coesão, para formar o consenso necessário, e permitir a elaboração e execução de um plano de contingência e ação, cujo objetivo deve seja fazer com que a indústria volte a crescer e representar 30% ou mais do PIB, como aconteceu no início da década de oitenta (1980), ou seja, precisamos reindustrializar o Brasil, "PRA ONTEM", pois, segundo a CNI, recentemente, a participação da indústria de transformação no PIB caiu de 12,3%, em 2018 para 11,3%, em 2020, sendo que ela representa 30% dos impostos arrecadados.

 +40 anos de desindustrialização 

Participacao industria no PIBFonte: CNI, com base em dados das Estatísticas Econômicas do Século XX, do Sistema de Contas Nacionais e das Contas Nacionais Trimestrais - IBGE

Os dados analisados nos pormenores, confirmam teses, como, por exemplo, a do Intelectual e Professor Emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Carlos Bresser-Pereira, que constatou e evidenciou o processo de desindustrialização, vigente no Brasil há mais de quarenta (40) anos, assim como a urgência de um planejamento estratégico, de médio e longo prazo, que provoque um processo de reindustrialização abrupta, para restaurar a indústria e realizar o catch-up1 da economia Brasileira, para que possamos obter o status de país desenvolvido e voltar a desfilar entre as seis (6) maiores economias do mundo.

 A crise da dívida externa (1980) 

Ainda, segundo Bresser-Pereira, após abrupto processo de industrialização, ocorrido entre as décadas de quarenta (1940) e, oitenta (1980), o Brasil não conseguiu finalizar sua revolução industrial, iniciada tardiamente e de maneira dependente, o que se agravou com a crise da dívida externa de 1980 e com a doença holandesa. 

 A doença holandesa 

A doença holandesa vem de fato desindustrializando o país desde o início da década de noventa (1990/92), quando a abertura comercial e financeira eliminou os mecanismos que o Brasil utilizava, desde a década de trinta (1930) para neutralizá-la, o que fica evidente no gráfico acima.

  A doença holandesa é um fenômeno decorrente da existência de recursos naturais abundantes, que geram vantagens comparativas ao país que os possui e, segundo os mecanismos de mercado, podem levá-lo a se especializar na produção destes bens e não se industrializar ou terminar se desindustrializando, o que inibiria o processo de desenvolvimento econômico.

Bresser-Pereira e Nelson Marconi, 2008

 Reindustrializar deve ser prioridade 

Diante da tese e das evidências citadas, nos resta admitir a necessidade de reindustrializar o Brasil, realizar o catch-up da economia e fazer com que sejamos reconhecidos como uma nação desenvolvida. A única maneira de se fazer isso, em um momento em que o mundo enfrenta um forte movimento de desglobalização e nacionalização, é por meio da adoção de uma política econômica desenvolvimentista, que pode ser catalisada pelo Estado Brasileiro, mas não sem a coesão social.

Enfim, precisamos resgatar, com URGÊNCIA, o princípio republicano, e fazer com que os interesses coletivos se sobreponham aos pessoais, o que significa que precisamos pacificar e unir a sociedade Brasileira em torno de uma ideia de nação, que preserve a diversidade em todos os seus aspectos, incluindo no político, econômico, cultural, religioso, e o referente às ideias e pensamento. Somente através do diálogo, respeito, lucidez e da pluralidade é que conseguiremos elaborar um planejamento de médio e longo prazo que coloque o Brasil, novamente, na rota do desenvolvimento econômico, social e ambiental.

Obs.: Até o momento (21/08/2022 21:41) da publicação deste artigo, o Governo Federal ainda não havia publicado os dados referentes ao mês de julho 2022.

Os dados obtidos no Painel do CAGED são atualizados dinamicamente, portanto, essa análise pode sofrer pequenas variações em relação a fonte de dados a depender da data de consulta.

Fauzi Mendonça

Engenheiro em Eletrônica

Especializações

Manutenção e Confiabilidade

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Fundador, Diretor Editorial e Colunista da Revista Manutenção, escreve regularmente sobre diversos assuntos relacionados ao cotidiano da Engenharia, Confiabilidade, Gestão de Ativos e Manutenção.

Desenvolvedor Web e Webdesigner, é responsável pelo design, layout, diagramação, identidade visual e logomarca da Revista Manutenção.

Profissional graduado em Engenharia Eletrônica com ênfase em automação e controle industrial, pós graduado em Engenharia de Manutenção, pela Faculdade Anhanguera de Tecnologia (FAT) de São Bernardo e em Engenharia de Confiabilidade, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Profissional atua há mais de vinte (20) anos com Planejamento e Controle de Manutenção (PCM), em empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, onde edificou carreira profissional como Técnico, Programador, Planejador, Analista e Coordenador de PCM.


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