A área da Manutenção é reconhecida por ser a peça-chave para o bom funcionamento da indústria, pois através dos profissionais que trabalham ali, as máquinas e equipamentos seguem trabalhando e cumprindo seu papel.
Por muito tempo, o setor sempre foi reconhecido pela predominância masculina, mas isso não quer dizer que as mulheres não tenham o seu lugar. Atualmente muitas mulheres estão na linha de frente da indústria, atuando no setor de manutenção e mostrando que elas podem estar onde quiserem.
Em homenagem ao mês da mulher, preparamos este artigo que contará um pouco das histórias de três mulheres que trabalham no setor e com certeza vão te inspirar.
Amanda Santos
Nascida em Alfenas-MG e morando atualmente em Itabira-MG, Amanda é formada em Engenharia Elétrica, pela PUC-MG 2019, tem 26 anos e trabalha como Engenheira de Manutenção Elétrica.
Escolha da formação
Sua escolha de formação veio da infância, já que desde criança gostava de inventar coisas, consertar e saber como tudo funcionava. A engenheira conta que na época, seu pai tinha uma empresa de ônibus, onde gostava de acompanhá-lo e ficava prestando atenção na parte de ferramentas.
"Era uma criança curiosa, gostava de inventar coisas, consertar e saber como tudo funcionava, as brincadeiras tinham um tom engenhoso. Meus pais contribuíram muito para minha escolha, eu tinha a opção de brincar do que queria e nunca me restringiram. Encontrei na Engenharia a opção para continuar fazendo algo que gosto e me faz feliz", comenta Amanda.
Carreira
Sua carreira começou durante a graduação. Em 2015, fez estágio em um projeto da área acadêmica. Dois anos depois, em 2017, atuou em empresas em diferentes áreas, como: Engenharia de Produto em uma empresa de Fios e Cabos, Manutenção em uma empresa de geração e transmissão de energia elétrica, Manutenção na área da Mineração, Engenharia de Confiabilidade em uma empresa Metalúrgica e por fim, Engenheira Eletricista, de volta à Mineração, onde está atualmente.
Ao longo de sua trajetória profissional, um dos grandes desafios vividos por Amanda foi quando se inscreveu para uma vaga de Eletricista na Mineração e assumiu a função.
A engenheira conta que, antes disso, havia tido a experiência de atuar na área administrativa do departamento de manutenção e, por esse motivo, algumas pessoas duvidavam de sua capacidade e vontade de atuar na área, já que não a imaginavam com a “mão na massa”.
“O fato de ser mulher, atuando na área operacional foi desafiador e uma quebra de paradigmas", relata Amanda que ainda enfatiza que foi uma experiência gratificante, onde pôde aprender a parte prática e atuar em diversas áreas.
Para ela, a manutenção em sua vida pode ser definida pela palavra desafios, pois é uma área muito dinâmica e, muitas vezes, imprevisível. E, por este motivo, se torna uma área prazerosa de atuar.
“Desafiem-se e acreditem no potencial. Precisamos cada vez mais de mulheres na área, para que possamos continuar fazendo a diferença. Temos uma missão de tornar o mundo cada vez mais leve, vamos continuar lutando pela equidade.”
Amanda diz que trabalhar na área de manutenção sendo mulher é desafiador por ser minoria, mas que as mulheres estão na área para fazer a diferença e também inspirar outras a seguirem a carreira.
Thâmara Ceballos de Oliveira
Natural de São Paulo - SP e residindo atualmente em Caarapó-MS, Thâmara tem 30 anos, é formada em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de São Carlos (2015) e atua como Gestora de Operações na Raízen.
Formação e Carreira
A facilidade e admiração por ciências exatas a levaram a escolher a formação. Antes de iniciar sua carreira acadêmica, Thâmara fez curso técnico em mecatrônica e em seguida, em 2010, iniciou sua graduação em engenharia elétrica.
Desta época, ela conta que aprendeu que a escolha de uma profissão com predominância masculina pode nos tirar da zona de conforto. Passou a frequentar salas de aulas com no máximo 5 mulheres em uma turma de 40 alunos, muito diferente do que havia vivido anteriormente, mas que se adaptou rapidamente.
Durante a faculdade, começou sua carreira profissional em uma empresa de Pesquisa e Desenvolvimento voltada para a área agrícola, em 2012.
Depois de dois anos, em 2014, entrou como estagiária em outra empresa no setor de manutenção elétrica. Nesse período teve muito contato com a parte normativa, de procedimentos, planejamento e acompanhamento de manutenções em sistemas de potência.
Após esse período, trabalhou em outros setores também como: construção e TI, e passou um ano e meio morando na Argentina.
Em 2019, Thâmara retornou ao Brasil para trabalhar como Analista de Manutenção na mesma empresa que já havia atuado anteriormente. Um ano depois, ingressou na área de compras e projetos.
Após um período de um ano, novamente, começou a trabalhar na área de manutenção da Raízen Caarapó, onde até hoje desenvolve atividades para a gestão da operação e manutenção da geração de energia.
A manutenção é dinâmica
A engenheira conta que é um setor muito enriquecedor, onde ao mesmo tempo que se aprende muito sobre manutenção, também é possível conhecer todo o processo e gostar de dinamismo.
Thâmara explica que ao longo da carreira seu maior desafio foi mostrar que era capaz, por ainda existirem pessoas que julgam por gênero e não por conhecimento e que, para ela, trabalhar na área de manutenção sendo mulher é desafiador.
"É desafiador, por se tratar de um setor predominantemente masculino, mas estamos mudando isso. Manutenção é extremamente enriquecedora de conhecimento é o setor que você vai conseguir interagir com todos os outros lugares da empresa, mas se prepare porque é bastante trabalho e desafio.”
A engenheira relata que em sua vida, a manutenção é definida pela palavra aprendizado pois, segundo ela, é o melhor setor para quem quer aprender na prática.
Isabela Sampaio
Natural de Recife, Isabela reside atualmente em Jaboatão dos Guararapes-PE, tem 25 anos, é Técnica de Manutenção Elétrica e graduanda em Engenharia Elétrica Eletrotécnica pela UPE.
Formação
Ao perceber que gostava de exatas e foi escolher sua profissão, pesquisou sobre o mercado de trabalho, conversou com alguns professores e decidiu cursar o técnico em Eletrotécnica, no Senai, em 2013.
No ano seguinte, realizou o sonho de cursar engenharia elétrica pela Universidade de Pernambuco, em 2014. Quando estava iniciando a carreira, Isabela conta que surpreendeu e ouviu comentários de sua família, que é de comerciantes e, que sempre imaginou que seguiria a área de saúde, mas que não a impediram de seguir buscando seu sonho.
"Infelizmente a área de manutenção ainda é muito mistificada por ter trabalhos considerados perigosos ou pesados, e muitas vezes as mulheres se sentem inseguras para iniciar uma carreira nesse setor, mas qualquer atividade em qualquer área se for bem planejada será realizada de maneira mais eficaz e com menos esforço físico. “
Carreira
Começou sua carreira quando estava no curso técnico, em 2014, onde teve a oportunidade de trabalhar como jovem aprendiz em uma empresa de construção civil atuando com projetos elétricos e controle de qualidade das instalações.
Pouco tempo depois, em 2015, foi contratada por outra empresa, também como jovem aprendiz, na manutenção mecânica. Meses depois, atingiu seu objetivo, mudou de área na mesma empresa e se tornou estagiária de manutenção elétrica, onde teve o apoio de várias pessoas, que a ensinaram muito em todo o período.
Nesta mesma empresa, em 2018, tornou-se técnica de manutenção elétrica, onde ficou até 2021 e pôde desenvolver atividades da área como montagem de painéis elétricos, manutenções preditivas, preventivas e corretivas e também relacionadas à automação industrial.
Desde 2021 trabalha na Unilever Suape. Atualmente, Isabela é Técnica de Manutenção Elétrica 3, responsável por 2 linhas de produção e realizar manutenção nas máquinas da fábrica, atuando também em algumas atividades de gestão das linhas e implementação de planos de manutenção.
“O maior desafio é aprender a lidar com as pessoas, trabalhar no chão de fábrica significa ter contato com diferentes culturas, níveis de conhecimento e pessoas que muitas vezes não nos incentivam a ser nossa melhor versão, é necessário ter muita resiliência, paciência e força de vontade para lidar com algumas situações.”
Mulher na Manutenção
Para a técnica, atualmente o mercado de trabalho na área de manutenção está aumentando cada vez mais para as mulheres e que, muitas empresas estão apostando na diversidade.
"Atualmente o mercado de trabalho para as mulheres na manutenção está se expandindo. Muitas empresas estão apostando na diversidade de seus times."
Isabela ainda salienta que a resiliência é a palavra que define a manutenção em sua vida. Segundo ela, ver um cenário que pode parecer muito ruim e oferecer uma solução técnica e estruturada para resolver o problema sem se deixar influenciar pelo estresse ou pressão do momento, se adaptando às mudanças e superando obstáculos.